segunda-feira, 16 de abril de 2012

O coveiro


Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais.Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: O que é que há? 

O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível! Mas, coitado! - condoeu-se o bêbado - Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente. 

Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela.

(Millôr Fernandes)
 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Roda de leitura

Iniciamos o trabalho com crônicas com a turma 1006 por meio de uma roda de leitura. Apresentei a eles diversas crônicas de Luis Fernando Verissimo, Fernando Sabino e de um aluno do CESAE para que eles pudessem perceber as características do gênero. Cada um escolheu uma e alguns ainda trocaram com os colegas e leram outras. Após a leitura cada um contou a sua crônica e compartilhou com os colegas as suas ideias. Para finalizar o trabalho, fizemos um lanche partilhado. Vale ressaltar que alguns alunos dessa turma já participaram do Chá literário no ano passado, quando eram da turma 905.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A imortalidade do professor

"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor assim não morre jamais" 
(Rubem Alves)